Muitas pessoas recorrem
à “voz do coração” para tomar decisões importantes e, com isso, logo
surge a dúvida se esta é a atitude mais acertada
Em setembro do ano passado, o professor
universitário Rendrik Vieira Rodrigues, de 35 anos, foi acusado de
matar a estudante Suênia Sousa Farias. Segundo informações do processo, o
suspeito teria confessado o crime, no qual a motivação teria sido o fim
do relacionamento que durou 3 meses, período em que ela esteve separada
do marido. De acordo com a Polícia Civil, o professor disse em
depoimento que alvejou a ex-namorada com três tiros. Após o crime, ele
levou o corpo até a 27ª Delegacia de Polícia de Recanto das Emas, na
periferia do Distrito Federal, e se entregou. Em entrevista, o delegado
Ulysses de Oliveira Campos disse que Rodrigues afirmou que tudo
aconteceu no ímpeto, durante uma discussão. O professor responde por
homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilidade de
defesa da vítima. A pena prevista é de 12 a 30 anos de prisão.
Casos como o relatado têm sido cada vez
mais comuns nos dias atuais. Movidos por um sentimento de perda, pessoas
que jamais deram a impressão de serem violentas acabam se deixando
levar pelas emoções passageiras e cometem atos impensados, onde
as consequências são duradouras. Para Maria Luiza Bustamante, chefe do
serviço de psicologia aplicada da Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj), em todos os relacionamentos afetivos, não há como se ter
garantias, e a única certeza é de que há possibilidades.
“Em tudo o que se refere a emoções e
sentimentos, nós temos probabilidades. A única coisa que realmente
oferece mais certezas é o lado negativo. Por exemplo, se a pessoa diz
que gosta da outra, mas maltrata, bate, destrata e diz desaforos, então
os fatores negativos são tão presentes e em tanta quantidade que não
vale a pena arriscar. Se ela age com a emoção tem mais probabilidade de
dar errado”, afirma.
Maria Luiza salienta que quando o ser
humano age baseado na emoção a possibilidade de dar certo é quase a
mesma de quem espera pela sorte. “Lógico que a probabilidade é de não
dar certo. Isso porque emoção e sentimento no ser humano é algo muito
volátil e, em geral, as pessoas são muito volúveis. Quando se une emoção
e sentimento, é dificílimo ter um mínimo de certeza. Qualquer coisa que
envolve sentimentos não tem garantia de sucesso”, assegura.
Diferença entre razão e emoção
Para o bispo Edir Macedo, líder da
Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), ao agir pela razão, o ser
humano tem a capacidade de estabelecer relações lógicas para raciocinar,
entender e julgar as informações enviadas pelos sentidos e pelas
emoções. “A razão dá acesso aos conhecimentos e faculta o livre direito
de escolha entre o bem e o mal, mas, com a interferência da emoção, o
homem pode perder sua capacidade de decisão correta”, afirma.
No caso das pessoas que agem pela emoção
ao tomar decisões na área afetiva, o bispo esclarece que o ser humano,
quando está perdidamente apaixonado, não consegue usar a capacidade de
raciocínio para avaliar e julgar se o sentimento obsessivo justifica o
comportamento cego.
“Tanto é assim que muitos se suicidam,
outros têm cometido assassinatos, ou os dois, em virtude de uma paixão
desenfreada ou do orgulho ferido. Quando os sentimentos do coração
ocupam o lugar da razão e tomam decisões, a vida se torna literalmente
um inferno.”
O bispo explica ainda que a fé dá
equilíbrio na relação razão-emoção. “Aquele que vive pela fé não permite
que a emoção ultrapasse os limites da razão, tampouco que esta fique na
responsabilidade total do viver. A plenitude da vida começa na
coordenação harmoniosa da fé, razão e emoção. Isto somente é possível
pelo exercício da fé sobrenatural, pois ela tanto dá segurança à razão,
como controla os impulsos da emoção quando a fé não é cega”, finaliza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário