Eles agridem, torturam e matam sem
arrependimento. Com total falta de compaixão por outras pessoas, o
remorso é um sentimento que não existe em suas vidas. São considerados
assassinos sem perdão, até porque nunca carregam o peso da culpa, matam
por matar. A frieza presente nos atos de violência que cometem,
normalmente, se reflete no momento em que são encontrados pelas
autoridades. Foi o que ocorreu quando policiais prenderam Adelson
Aparecido Thomaz, conhecido como “Paraná”, acusado de matar friamente,
após rápida discussão, um policial militar e deixar outro paraplégico em
frente a uma casa noturna no centro de São Paulo, em 21 de novembro do
ano passado.
Descrito pelos agentes que o capturaram
no último dia 27 como uma pessoa sem nenhum tipo de valor moral e
incapaz de se sentir arrependido pela brutalidade do crime, “Paraná”
pode ser mais um exemplo de indivíduo psicopata, portador do transtorno
de personalidade antissocial. “Essas pessoas não se importam com o
sofrimento que trazem às suas vítimas e às suas famílias” Por essas e
outras características, o psiquiatra forense Fernando César destaca que a
maioria dos serial killers (assassinos em série) apresenta esse
transtorno. “Essas pessoas não se importam com o sofrimento que trazem
às vítimas ou às suas famílias. Por isso, é muito difícil negarmos que
quase todo serial killer é psicopata, mas nem todo psicopata vira um
assassino”, explica.
Um estudo do Instituto de Neurociência
Cognitiva dos Estados Unidos comprovou que psicopatas têm dificuldade em
nomear expressões de tristeza, medo e reprovação em imagens de rostos
humanos. É como se eles não conseguissem sentir e ver esses tipos de
sentimentos.
César afirma que a motivação do serial
killer é o encanto de matar, comumente aliado ao prazer sexual.
“Frequentemente, antes ou após o homicídio, o serial killer pratica sexo
com a vítima. Matar o excita. Mas há os que matam sem violentar. Em
todos os casos, o que há de comum é o prazer em matar”, diz. O grande
ponto de consenso entre os especialistas é a crueldade. Esse tipo de
comportamento, presente na maioria dos casos famosos de serial killers, é
que aponta para a psicopatia. “As pessoas comuns, quando cometem alguma
brutalidade, se arrependem, pois conseguem se colocar no lugar do
outro. Ou até mesmo porque têm freios morais ou religiosos, sabem que o
que fizeram ‘não foi certo’. O psicopata não. Ele não liga para a moral
ou o inferno. Para ele, isto são só palavras que não existem em seu
dicionário”, completa.
O psicopata age sem muitos motivos. Sua
versão da história “não cola”, apesar de ele até inventar alguma
explicação. Segundo o especialista, ele comete crimes “por pouca coisa”
ou mesmo sem razão. Francisco das Chagas Rodrigues de Brito é outro
exemplo brasileiro do ponto a que pode chegar uma pessoa assim. Brito é
acusado de matar 30 meninos no Maranhão e dois no Pará, entre 1991 e
2003. O caso ficou conhecido como o dos “meninos emasculados”, porque o
criminoso extirpava os órgãos sexuais dos jovens. Até agora, Brito foi
condenado a 237 anos de prisão.
Ré confessa, Suzane von Richtofen é
outro caso de psicopata que se livra de quem coloca obstáculos em sua
vida. Ela foi declarada cúmplice do assassinato dos próprios pais,
Marisia e Manfred, cometido a golpes de barras de ferro em 2002. O casal
era contra seu namoro com Daniel Cravinhos, outro envolvido no crime.
Enquanto ele e seu irmão Cristian matavam os pais dela no quarto, numa
casa de luxo da zona sul de São Paulo, Suzane os esperava na sala. Foi
sentenciada a 39 anos de prisão. Quando indagados sobre a chance de
ressocialização desses psicopatas assassinos, os especialistas são
taxativos: não há.
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